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6 de novembro de 2013
ÉPOCA DE MICAEL
O Dragão Invasor, de Christa Glass foi
a peça do teatro de mesa da Época de Micael escolhida na Escola Livre
Sofia. O impulso que queremos trazer
para as crianças e adultos nos teatros de mesa na época de Micael é o
fortalecimento e busca da coragem interior de cada um, a coragem de praticar o
bem, ajudar ao próximo e proporcionar a salvação.
O
Dragão Invasor
Christa Glass
Era
uma vez um rei bom, sábio e possuidor de muitas riquezas. Ele era respeitado e benquisto
por todos, seu reino era próspero e o povo era feliz.
Certo
dia, o céu escureceu de repente, e um imenso dragão invadiu o reino, gritando
assustadoramente.
-
O rei! Quero falar com o rei, senão destruirei com meu fogo todas as plantações
e florestas do reino! Quero falar com o rei!
O
rei foi ao encontro do terrível dragão e perguntou:
-
O que quer de mim? Que posso fazer para você não destruir meu reino e não
maltratar meu povo?
-
Quero que me dê três sacos cheios de riquezas!
O
rei mandou seus serviçais encherem três sacos com ouro, pedras preciosas e
objetos valiosos e entregá-los ao dragão. Este pegou os sacos e saiu voando
para as montanhas, onde uma enorme gruta lhe servia de moradia. Espalhou todo o
conteúdo dos sacos pelo chão, deleitando-se com a beleza e o brilho dos
objetos. Para que ninguém roubasse sua riqueza, deitou-se sobre ela.
Passou-se
um ano, novamente o céu do reino escureceu, e o dragão voltou exigindo três
sacos cheios das riquezas do reino. E isso se repetiu todos os anos e depois de
sete anos, já não havia mais riquezas.
O
rei tornara-se um rei pobre, triste e preocupado com o que iria acontecer da
próxima vez que o dragão viesse buscar mais riquezas.
Quando,
no ano seguinte, o dragão apareceu e soube que o rei não tinha mais nada para
dar, ficou furioso, seus urros faziam a terra estremecer. De repente o dragão
se calou, pensou um pouco e disse:
-
Não porei fogo em seu reino se você me entregar a sua filha. Ela poderá cuidar
de minha casa e cantar para mim, com sua bela voz, todas as canções que souber.
Será muito bom adormecer ao som de canções.
O
rei empalideceu com o susto que levou.
-
Não – exclamou o rei – minha filha você não pode levar!
-
Então porei fogo em todo o seu reino! – respondeu o dragão.
Nesse
momento a filha do rei saiu do castelo e pediu:
-
Meu pai, deixe-me ir com o dragão, cuidarei de tudo como ele desejar, assim ele
não fará mal ao nosso povo.
Desesperados,
o rei e todo povo viram a filha do rei montar nas costas do dragão e
desaparecer com ele atrás das montanhas.
O
rei ficou mais triste ainda sentindo falta de sua filha querida e mandou
anunciar em todos os reinos vizinhos que daria sua filha em casamento, seu
reino e toda a riqueza que o dragão levara, ao jovem que o dominasse e
vencesse.
Muitos
jovens fortes e valentes tentaram libertar a filha do rei, mas nenhum voltou
para contar como foi a luta.
Certo
dia, apareceu no reino, um alfaiate muito corajoso e esperto, que quis
apresentar-se ao rei e oferecer-se para libertar sua filha. O rei lhe
respondeu:
-
Reflita bem sobre o que vai fazer, muitos já tentaram lutar com o dragão e
ninguém voltou.
-
Estou decidido e quero ir!
-
Então vá a luta, meu filho e que Deus o acompanhe!
O
jovem caminhou durante muitos dias até chegar ao pé da montanha; todas as
noites, antes de adormecer, lembrava de seu grande guia e herói.
Pensava
no Arcanjo Micael e em sua força e coragem para lutar contra o dragão e numa
prece, pedia:
-
Ó Micael, ajuda-me a ajudar o rei e aquele povo tão sofrido; dá-me força e
coragem para vencer o dragão e libertar a pobre filha do rei.
Quando
o alfaiate chegou às montanhas, ouviu um barulho ensurdecedor que fazia as
árvores e as pedras estremecerem. Era o ronco do dragão que estava dormindo em
sua gruta, sobre as riquezas tiradas do rei. Chegando à entrada da gruta, o
alfaiate, sem fazer barulho, tirou de sua caixa de costura uma agulha de ferro
muito dura e comprida, assim como um fio de linha muito resistente que tinha
ganho de um gnomo amigo.
Com
muito cuidado, começou a costurar uma asa do dragão na outra e depois, costurou
um pé no outro. A agulha era tão fina que o dragão nada sentiu.
Pouco
tempo depois o dragão acordou e, quando viu o jovem na frente da gruta ficou
furioso!
-
O que você está fazendo aqui? Vá embora senão lançarei minhas labaredas de fogo
sobre você e o queimarei todo!
O
jovem se afastou um pouco, o suficiente para que o fogo não o alcançasse.
O
dragão quis levantar-se e persegui-lo, mas logo caiu com seus pés presos.
Urrou
de raiva e quis sair voando, para se lançar sobre o jovem alfaiate e percebeu
que suas asas também estavam presas. Furioso, jogou-se para lá e para cá,
tentando romper a costura, mas tudo foi em vão.
Cansado,
desesperado, com fome e o corpo todo dolorido, o dragão se dirigiu choroso para
o jovem:
-
Olha jovem, assim não dá para continuar, eu não consigo sair e você não
consegue entrar para buscar a filha do rei e nem para pegar as riquezas que
estão debaixo do meu corpo. Vou lhe dar três enigmas para adivinhar. Se errar
um só, você terá que abrir a costura de minhas asas e meus pés, e eu prometo
que não lhe farei nada de mal se for embora para nunca mais voltar.
-
E se eu acertar todas? - perguntou o jovem.
-
Você abre as costuras, eu vou embora e você fica com a filha e com as riquezas
do rei.
O
Jovem completou:
-
E você tem que prometer que vai embora para nunca mais voltar.
De
má vontade o dragão prometeu e disse:
-
Vou fazer-lhe a primeira pergunta: Quem é maior do que eu, tem mais fogo do que
eu e é mais sábio do que eu?
O
jovem alfaiate pensou, pensou, pensou e finalmente disse:
-
É o Sol! Ele é maior do que você, tem mais fogo do que você e, como ilumina o
mundo inteiro, sabe de tudo o que acontece, conhece todos os segredos!
O
dragão uivou!
-
Esta resposta você acertou. Diga-me agora espertalhão, qual é a escrita mais
antiga do mundo?
O
jovem alfaiate pensou, pensou, pensou e finalmente disse:
-
É a escrita das estrelas que revela toda a sabedoria! Foi nas estrelas que os
três reis magos leram que o menino Jesus tinha nascido.
O
dragão uivou mais forte ainda!
-
Esta resposta também está certa, mas a última pergunta certamente você não vai
acertar!
Está
escondido na escuridão da terra, é tão duro que nada pode quebrar. Mas quando
está fora da terra, na claridade do sol, parece delicado, e brilha nas cores do
arco-íris, como uma gota de orvalho.
O
jovem alfaiate pensou, pensou, pensou e finalmente disse:
-
Só pode ser o diamante! Que fica escondido na terra e que quando alguém o
encontra e o sol bate nele, ele brilha como uma gota de orvalho.
O
dragão uivou furioso, jogou-se de um lado para o outro, fazendo todas as
montanhas tremerem e disse choroso:
-
Você acertou os três enigmas, agora só me resta partir e nunca mais voltar,
depois de você desatar as costuras dos meus pés e das minhas asas.
O
alfaiate pegou a tesoura que seu amigo gnomo lhe dera e conseguiu cortar com
facilidade os fios da costura.
Cabisbaixo,
o dragão saiu cambaleando da gruta e, com muito esforço, levantou voo e
desapareceu atrás das montanhas.
Pálida
de susto e muito feliz pela libertação, a filha do rei apareceu da gruta e
correu cheia de gratidão para abraçar o jovem alfaiate que a salvara. Os dois
voltaram para o castelo o mais depressa que puderam. O rei e o povo não sabiam
o que fazer de tanta alegria e felicidade. O rei logo entregou o reino ao
jovem, que se tornou rei. Ele foi um rei muito bom, sábio e possuidor de muitas
riquezas.
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